Eu
não preciso de ti
(ou nunca precisei de ninguém)*
Morrer
nunca foi fácil
Tão
fácil assim
A
covardia tomou conta
Sei
que o dia virá
Se
não vier,
Existem
certas coisas que também não posso mudar
Quando
Cristo voltar
Vou
olhar como meus chapados olhos de tédio e tristeza e dizer:
Demorô...
A
porta ficou aberta,
Te
acompanhei até o ônibus
Chega
de frescura
Nunca
precisei de ninguém
De
ti também.
Certos
dias sempre demoraram a passar.
A
noite volta
O
sol reaparece
As
rugas nascem
O
mundo morre ao redor
Matei
todos que me cercavam
Afastei
toda espécie de sentimento alheio
Fico
aqui
Ruminando
meus restos
Neste
sepulcro de areia, cimento e madeira.
Nunca
precisei de sol nem de mim
De
ti ou da TV
Quero
o controle remoto somente para
Desligar
e dormir.
Tropeço
em ruas planas
Bêbada
Brinco
de levitar
Converso
com muitas pessoas estranhas
Mais
até que eu mesma
Desinteressantes
ao mundo
Recheadas
a mim
Discuto
com o cobrador do ônibus
Por
causas alheias
Insulto
Deus
o dia todo
Chamo
traíra
Cuspo
pra cima
E
de noite rezo pedindo perdão
Corro
pelo corredor como meu filho
Dou
banho e faço mamadeiras
Ponho
a dormir cantando nós dois
Ainda
consigo me comover
Mais
e mais
Ainda
consigo chorar ao assistir comerciais
Soluçante
Ainda
amo todos meus ex-amores
Fielmente
Não
vá embora por minha loucura
Pelo
meu excesso de vidas
Não
vá embora por ser perturbado por mim
Por
palavras mau ditas
Ainda
posso rir de nós todos
Ainda
sei cozinhar pra você
Ainda
posso te apresentar puteiros imundos e te escolher garotas
Posso
deitar no teu colo e ganhar afagos?
Posso
Irritar-te
insanamente para fazer-mos amor
toda
a madrugada?
Posso
te ligar às três da manhã pra te contar dos bêbados que não dormiam
na cidade?
O fim está próximo*
Quantas
vezes pensei
em
me afundar na terra
E
nunca mais voltar por tanta vergonha,
Mas
tenho a alma de um pugilista em fim de carreira.
Ele
me obriga a cerrar os punhos, fazer cara feia
E
gritar o primitivo;
Voltar
à luta.
Minha
vida decresce em tons ascendentes
Descrentes...
Sou
feito à lua e mudo rapidamente em fases;
Sou
o deus sol
Aprendi
a lentamente mostrar minha divisão em estações.
Quando
meu rosto está no chão,
Eles
vêm e pisam minha cara;
Escondo
o riso.
Quem
me julga,
Tem
os discursos mais incisivos...
São
mais drogados,
Traíras,
Sujos
da pior bosta
Que
só a infelicidade, vazio
E
falta de comoção produzem.
Quem
me julga,
Usa
as máscaras mais ridículas
E
inverossímeis nas almas,
Tristes
palhaços de sim mesmos.
Sou
eterna e tenho medo do fim.
Sinto
muitas dores e medos evidentes,
Bares
e igrejas sempre existirão.
O
que me permite tanta liberdade
É
minha inconstância.
Preciso
somente ser
Um
pouco mais de paciência:
O
fim está próximo.
* do livro ASMA dentre outros prazeres, a dor
de Jalna Gordiano
BELÍSSIMO POEMA. JÁ O CONHECIA.
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