quarta-feira, 29 de junho de 2011

SEXTA FILOSÓFICA “Ciclo de Palestras: Filosofia e Mitologia”


Evento: Sexta Filosófica (Ciclo: Filosofia e Mitologia) 
Palestrante: Kelly Aguiar 
Datas: 01/07, 05/08 e 02/09 
Horário: 19h 
Promoção: Associação Cultural Nova Acrópole de Manaus e Livraria Valer 
Local: Espaço Cultural Valer – Av. Ramos Ferreira, 1195 – Centro 
Entrada: Franca 
Contatos: Valer (José Farias) 3635-1324 / Nova Acrópole (Kelly Aguiar ou Carina Maia)
3213-4449 / 8235-3920, 9132-8268

Nova Bíblia do Caos
XI.
"A infância não, a infância dura pouco. A juventude não, a juventude é passageira. A velhice sim. Quando um cara fica velho é pro resto da vida. E cada dia fica mais velho".

 
                   (Foto: Marcos de Paula/AE)
 
O escritor carioca Millôr Fernandes recebe alta nesta terça-feira (28), após passar cinco meses internado. A informação foi divulgada pela equipe responsável pelo site do autor.
"A equipe do saite feliz: Depois de 5 meses de internação, Millôr teve alta e foi para casa", diz a mensagem publicada nesta quarta.
Millôr estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio, desde o dia 7 de fevereiro. O hospital confirmou a internação, mas não detalhou o motivo a pedido dos familiares do autor.
Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr, de 86 anos, começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.
Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Atualmente ele mantém um site pessoal em que escreve textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter conta com mais de 285 mil seguidores.
Fonte: portal G1 (Globo.com) 28/06/2011 
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domingo, 19 de junho de 2011

ANIVERSARIANTE DO DIA 19/06/1944

 Chico de Hollanda,
de aqui e de alhures

"Parceiro de euforias e desventuras, amigo de todos os segundos, generosidade sistemática, silêncios eloquentes, palavras cirúrgicas, humor afiado, serenas firmezas, traquinas, as notas na polpa dos dedos, o verbo vadiando na ponta da língua - tudo à flor do coração, em carne viva... Cavalo de sambistas, alquimistas, menestréis, mundanas, olhos roucos, suspiros nômades, a alma à deriva, Chico Buarque não existe, é uma ficção - saibam.
Inventado porque necessário, vital, sem o qual o Brasil seria mais pobre, estaria mais vazio, sem semana, sem tijolo, sem desenho, sem construção."

Ruy Guerra, cineasta e escritor, outubro de 1998
  (Fonte: www.chicobuarque.com.br)

Olê, olá - 1965

Não chore ainda não
Que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui
Pode passar e ouvir
E se ela for de samba
Há de querer ficar

Seu padre, toca o sino
Que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança
Que o samba é menino
Que a dor é tão velha
Que pode morrer
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga me perdoa
Se eu insisto à toa
Mas a vida é boa
Para quem cantar

Meu pinho, toca forte
Que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida
Nem fale da morte
Tem dó da menina
Não deixa chorar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
E um samba tão imenso
Que eu às vezes penso
Que o próprio tempo
Vai parar pra ouvir

Luar, espere um pouco
Que é pro meu samba poder chegar
Eu sei que o violão
Está fraco, está rouco
Mas a minha voz
Não cansou de chamar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Ninguém quer sambar
Não há mais quem cante
Nem há mais lugar
O sol chegou antes
Do samba chegar
Quem passa nem liga
Já vai trabalhar
E você, minha amiga
Já pode chorar  


















Hino de Duran - 1979
Para a versão paulista da peça Ópera do Malandro, de Chico Buarque






Se tu falas muitas palavras sutis
E gostas de senhas, sussurros, ardis
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar
Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raio-x

Se vives nas sombras, freqüentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermann

E se definitivamente a sociedade só te tem
Desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo
És um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
Depois chamam os urubus
Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas, agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar, infrator
Com seus braços de estivador
Se pensas que pensas (etc.) 




















O meu amor - 1977/1978
para a peça Ópera do Malandro

Teresinha: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
Lúcia: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai
As duas: Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz
Lúcia: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai
Teresinha: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai
A duas: Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz



http://www.chicobuarque.com.br 
http://www.vagalume.com.br/chico-buarque/ 

domingo, 12 de junho de 2011

Minha namorada



Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ter
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque


E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer

Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois



(Vinicius de Moraes / Carlos Lyra)

SOPRO

("para Aliane, é claro")


Primeiro foi a luz ...
dos teus olhos
que povoou de luzeiros
o meu céu em trevas e confuso            

eu vi que era bom  

criaste peixes, criaste  pássaros
coloriste a paisagem, antes tristes e disforme

eu senti que era bom

agora, tudo faz sentido
agora, tudo é mais bonito
minha vida divide-se: antes e depois de ti   

(Celestino Neto)     

ARTE DE AMAR

 
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não. 


(Manuel Bandeira)

DEIDADE

dedicado a Michele Pacheco


Copiaram-te minha musa
és a inspiração de quem usa
as mãos num híbrido labor.

Copiaram-te minha musa
e a escusa de quem despoja
a beleza, que certamente és tua
perde-se na grandeza da criação.

Copiaram-te minha musa
e do alto iluminas o incauto
a única dúvida que trago
é se a luz que refulgia seus passos
também o perdoa dos pecados.

Copiaram-te minha musa
e a tua Deidade me acusa
da lúgubre adoração.
Eu, Poeta de pedra.
Pedra nas mãos do escultor.

 (Rayder Coelho)

FANATISMO


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”



(Florbela Espanca)